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07 agosto 2011

Investimentos em água chegam a quase R$ 100 milhões

Foto: Chico Terra

Governador Camilo Capiberibe visitou obras na Estação de Tratamento de Água e anunciou investimentos para levar água a população de Macapá

O governador Camilo Capiberibe visitou neste sábado, 6, as Estações de Tratamento e de Captação de Água de Macapá, onde foi ver in loco as obras realizadas recentemente pela Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa). A troca nas adutoras da Estação de Tratamento que estavam comprometidas aumentaram em mais de 10% a capacidade de distribuição de água em Macapá. Moradores de diversos bairros da Zona Norte da cidade que enfrentavam problemas com o fornecimento regular de água tiveram o problema resolvido após a execução dos serviços realizados pela Caesa. Acompanhado do diretor presidente da Caesa, Ruy Smith, e dos demais diretores da Companhia, durante a visita o governador anunciou investimentos na ordem de quase R$ 100 milhões somente no abastecimento de água em Macapá. São R$ 71 milhões do Programa Nacional de Aceleração do Crescimento (PAC), R$ 16 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e social (BNDES) e mais R$ 16 milhões de contra-partida do Governo do Amapá. Com a execução dessas obras, já em andamento, a solução para o grave problema da falta de água em Macapá começa a virar realidade. O governo, através da Caesa vai construir mais uma Estação de Tratamento de Água (ETA), na mesma área das atuais, passando a capacidade de tratamento dos atuais 1.100 l/s (95.040m³/dia), para 1.650 l/s (142.560 m³/dia). Atualmente a cidade tem apenas duas ETAs, uma construída na década de 70 e outra no segundo mandato do ex-governador João Alberto Capiberibe, pai do atual governador. Além da nova ETA o governo vai construir três reservatórios semi-enterrados de 10. 000 metros cúbicos cada, passando a capacidade de reservação da Caesa, dos atuais 6 mil metros cúbicos para aproximadamente 40 m³. O reservatório atual será ampliado. Essas obras são essenciais para que o problema da falta de água em Macapá seja resolvido praticamente na totalidade até 2012. O diretor presidente da Caesa, Ruy Smith, tem dado prioridade a execução dos projetos para que o Estado não perca recursos e possa captar mais investimentos. O projeto inclui ainda a substituição e readequação de 67 km da rede de distribuição, construção de 6,4 km de adutoras e 2,5 de sub-adutoras e a implantação de 6 conjuntos motobombas de 250cv, cada, no sistema central de tratamento localizado no bairro do Trem. Além das obras, o governador falou dos investimentos próprios do Estado elevando os investimentos na Caesa dos R$ 4 milhões previstos no orçamento de 2011, para R$ 20 milhões. “Trata-se de um compromisso que assumimos durante a campanha de 2010 e estamos trabalhando com determinação para cumprir\", disse Camilo Capiberibe.

Domiciano Gomes/Caesa Assessor de Comunicação Secretaria de Estado da Comunicação

30 julho 2011

A mentira de perna longa

*O valente Sarney do lado de lá

Pego em flagrante delito como defensor do indefensável, o senador José Sarney, presidente do Congresso Nacional, esperou calado até a véspera da audiência na Justiça paulista para externar sua repulsa à condição de testemunha de defesa do coronel da reserva do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra.

Como major, nos anos chumbados do Governo Médici, Ustra criou e comandou no II Exército de São Paulo o DOI-CODI da rua Tutóia, ganhando por merecimento a condição de símbolo vivo da repressão mais feroz da ditadura — o regime que Sarney defendia sem rebuço, como cacique do partido dos militares, a ARENA.

Se não apoiava, Sarney nunca expressou publicamente esta suposta contrariedade. Permaneceu corajosamente silente.

Nesta quarta-feira, 27, começou em São Paulo o processo em que a família do jornalista Luiz Eduardo Merlino acusa Ustra pela morte em julho de 1971 do jovem de 22 anos, após quatro dias de brutal tortura na máquina de moer carne administrada por Ustra.

Os depoimentos devastadores do primeiro dia dos presos políticos que sobreviveram àquele circo de horrores — segundo relato do criminalista Fábio Konder Comparato, advogado da família Merlino — incluem a ordem de Ustra para que um caminhão passasse várias vezes sobre o cadáver do jornalista, para justificar a farsa posterior do atropelamento numa rodovia.

Na verdade, Merlino morreu num processo agudo de gangrena nas pernas, após horas pendurado no pau-de-arara, o instrumento de trabalho preferido na repartição de Ustra.

Estes são os fatos, que resgatam a história que começa a ser garimpada no tribunal paulista. Sarney não se incomodou com isso, mas sim com o texto, assinado por mim, onde eu denunciava a abjeta irmandade entre o senador e o torturador no âmbito da Justiça.

Um dia antes da audiência histórica desta semana, o senador tentou se desvincular da sanguinolenta figura do coronel. Através de sua assessoria de imprensa, Sarney enviou-me uma contestação contra minhas “imprecisões de ordem técnica”.

O senador alinhou este exemplo de sua pretérita valentia: “Em 1967, o general Dilermando Gomes Monteiro já acusava Sarney de proteger comunistas, conforme documentos da 10a Região Militar levantados pela jornalista Regina Echeverria. O mesmo general Dilermando que comandava o II Exército quando foi assassinado o operário Manoel Fiel Filho.”

É apenas uma baita imprecisão de Sarney, que eu corrijo agora: Dilermando Gomes Monteiro, o general que perseguia no Maranhão os comunistas que o governador José Sarney dizia proteger, em 1967, não é o mesmo comandante do II Exército de São Paulo, de 1976, quando morreu o operário Fiel Filho.

Detido em dia 16 de janeiro por dois agentes do DOI-CODI na fábrica onde trabalhava, Fiel apareceu morto no dia seguinte, enforcado com as próprias meias. O mesmo desfecho de quatro meses antes, quando ali morreu, de forma semelhante, o jornalista Vladimir Herzog.

O general que comandou as duas mortes era Ednardo D’Ávila Melo, exonerado dois dias depois pelo presidente Ernesto Geisel. É justamente o general Dilermando Gomes Monteiro quem assume o comando paulista para refrear os radicais do DOI-CODI.

O atual presidente do Congresso espanca impiedosamente a verdade quando diz, com comovente autoindulgência: “Sarney, como mostram os fatos, esteve sempre do lado oposto ao dos torturadores.”

É fácil provar que é exatamente o oposto: Sarney estava lá, do lado deles. Em 20 de dezembro de 1975, três meses após a morte de Herzog, o Exército divulgou o relatório do IPM criado por ordem de Geisel para supostamente investigar o assunto.

Com o cinismo peculiar ao coronel Ustra, que hoje nomeia Sarney como sua testemunha de defesa, a Portaria do Comando do II Exército justificava a instauração do inquérito policial-militar “para apurar as circunstâncias em que ocorreu o suicídio”.

Ou seja, na largada, os militares já davam o veredito forçado — ‘suicídio’ — para a investigação ainda não consumada sobre a morte de Herzog, um assassinato sob torturas que repetia, cinco anos depois, o que ocorreu com o jornalista Luiz Eduardo Merlino no mesmo DOI-CODI da rua Tutóia, então sob a administração direta de seu criador, o coronel Ustra.

Indignados com a desfaçatez, os jornalistas brasileiros redigiram no início de janeiro de 1976 um manifesto — ‘Em Nome da Verdade’— denunciando na 1ª Auditoria Militar de São Paulo os termos absurdos daquele relatório fraudulento, que sacramentava a farsa e acobertava o crime. Eram tempos de muito medo e as assinaturas precisavam ser recolhidas uma a uma.

Então chefe da sucursal da revista Veja em Porto Alegre, eu percorri com outros colegas todas as redações de jornais, rádios, TVs e sucursais na capital gaúcha. No total, recolhemos 1.004 assinaturas em todo o país. Nenhum jornal quis publicar nosso abaixo-assinado, que reclamava verdade e justiça. A exceção foi O Estado de S.Paulo, que publicou o documento como matéria paga.

Na lista de 1.004 jornalistas, todos em franca oposição aos torturadores, podem ser encontrados 43 jornalistas com José no nome.

Entre eles, não existe nenhum José Sarney, embora o atual senador fosse também jornalista, dono de jornal e emissoras de TV e rádio no Maranhão.

Sarney não estava no abaixo-assinado justamente porque estava do outro lado. O bravo jornalista maranhense, aliás, exercia o seu primeiro mandato como senador da ARENA, a legenda da ditadura que sustentava politicamente o regime de ferro e fogo que sustentava os métodos e aparatos doídos de Ustra e seus comparsas do DOI-CODI.

Estes são os fatos, não meras ‘imprecisões de ordem técnica’.

Sua estrondosa e oblíqua aparição no tardio julgamento de Ustra escancara, agora, o melancólico mergulho do imortal Sarney neste brejal de inverdade, violência e desmemória.

Sarney, como mostram os fatos, não estava do lado oposto ao dos torturadores. Sarney escolheu, há tempos, o seu lado.

Sarney estava lá, ao lado deles. Como está agora, na defesa de Ustra.

*Luiz Cláudio Cunha é jornalista, sempre do lado de cá. cunha.luizclaudio@gmail.com

**No Amapá, esse imortal é tratado como “Deus” pela quase totalidade da classe política. A bancada federal amapaense não dará "um pio" a respeito desse assunto. Com exceção da, agora, deputada federal Janete Capiberibe que, injustamente, tardiamente assumiu o mandato que o povo amapaense lhe outorgou, através do voto. Se o senador João Alberto Capiberibe já tivesse assumido o seu mandato, com certeza, colocaria o “santo do pau oco” no seu devido lugar. Que, na minha opinião, é atrás das grades, junto com toda sua corja, para sempre. Como está acontecendo na Argentina com os que contribuíram com a ditadura militar, de lá.

08 maio 2011

Nossa querida Mãe (Reprise)

Foto do blog Magdala

No dia em que comemoramos o dia das mães, lembremo-nos todos da Mãe que mais merece nossa atenção, hoje, pelo fato de estar, doente, carente de atenção e prestes a morrer. O pior é que, se isso acontecer, morreremos todos juntos com ela. Lembremo-nos, pois, com carinho, atenção e amor, da Mãe Terra, a Mãe de todas as Mães e de todos nós.

Prece para a Mãe Terra

"Abençoado seja o Filho da Luz que conhece sua Mãe Terra

Pois é ela a doadora da vida

Saibas que a sua Mãe Terra está em ti e tu estás Nela

Foi Ela quem te gerou e que te deu a vida

E te deu este corpo que um dia tu lhe devolverás

Saibas que o sangue que corre nas tuas veias

Nasceu do sangue da tua Mãe Terra

O sangue Dela cai das nuvens, jorra do ventre Dela

Borbulha nos riachos das montanhas

Flui abundantemente nos rios das planícies

Saibas que o ar que respiras nasce da respiração da tua Mãe Terra

O alento Dela é o azul celeste das alturas do céu

E os sussurros das folhas da floresta

Saibas que a dureza dos teus ossos foi criada dos ossos de tua Mãe Terra

Saibas que a maciez da tua carne nasceu da carne de tua Mãe Terra

A luz dos teus olhos, o alcance dos teus ouvidos

Nasceram das cores e dos sons da tua Mãe Terra

Que te rodeiam feito às ondas do mar cercando o peixinho

Como o ar tremelicante sustenta o pássaro

Em verdade te digo, tu és um com tua Mãe Terra

Ela está em ti e tu estás Nela

Dela tu nasceste, Nela tu vives e para Ela voltará novamente

Segue portanto as suas leis

Pois teu alento é o alento Dela

Teu sangue o sangue Dela

Teus ossos os ossos Dela

Tua carne a carne Dela

Teus olhos e teus ouvidos são Dela também

Aquele que encontra a paz na sua Mãe Terra

Não morrerá jamais

Conhece esta paz na tua mente

Deseja esta paz ao teu coração

Realiza esta paz com o teu corpo."

fonte: Evangelho dos Essênios

17 abril 2011

O sorriso da Carol planta jardins no pára-brisa do meu carro

Do blog da Alcinéa Cavalcante:

Por Deusa Ilário*

Enquanto espero para sair fico observando o jambeiro aqui do quintal de minha casa. Estou indo ao velório de uma pessoa amada (minha sobrinha-afilhada-filha) e que tem apenas 35 anos de idade, morta num desses tantos e violentos acidentes de transito.

Sentir a natureza ajuda a compreender a Vida. Estou olhando as folhas do jambeiro, elas caem com mansidão e se amontoam no chão, orvalhada pelas minhas lágrimas de tristeza e dor… Observei que só as folhas amarelas e maduras se desprendem dos galhos, não há no chão nenhuma folha verde. O que pensei: diante à morte, ficamos buscando mil e uma razões para justificá-la, até como forma de amenizar o sofrimento. Muita gente diz, “foi à vontade de Deus”, “Deus quis assim”… Mas, será que naturalmente, alguma folha verde Cai? Elas podem ser arrancadas, ou seja, sofrem uma ação externa a sua natureza. Eu olho para elas, estão bem pertinho de mim, ao alcance de minhas mãos! Se eu quiser arranco muitas.

Então, se somos também folhas, temos um caminho a percorrer entre o brotar e o amarelar-envelhecer da vida? Qualquer interrupção que possa acontecer nesse caminhar não é responsabilidade de Deus. Eu creio, que não. Quem culpar, então? Sempre é tempo de rever nossas ações, de cuidarmos de nossas vidas e de sermos cuidantes das vidas das outras pessoas e dos demais seres de Vida que habitam a mesma Grande Casa.

Que voltemos os nossos olhos para a beleza da vida que está ao nosso redor! Pra quê pressa? A pressa nos cega. Um carro nas mãos de pessoas apressadas pode se tornar uma arma e encher as ruas de sangue, deixar filhas-filhos sem mães-pais e mães-pais sem filhas e filhos. Sempre que entro no carro olho para o céu e o meu coração se enche de amor. E quem ama cuida. Hoje sou eu quem chora, mas quantas já choraram e quantas outras ainda podem chorar! Nossa história somos nós que escrevemos, vamos escrever uma história de amor com a nossa cidade?

A Vida pede cuidados. Cuidemos para que ela floresça! Deixemos que os outonos cheguem naturalmente, sem pressa! Em meio à poesia das primaveras!

*Deusa Ilário, professora e escritora, é tia, madrinha e mãe adotiva da jovem Carol que perdeu a vida bruscamente este semana num acidente de trânsito

*"Só depende de nós..."