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11 junho 2010

Entrevista com o pré-candidato Camilo Capiberibe (PSB).

A Rádio Comunitária Novo Tempo FM, 105,9 vem realizando entrevistas, através do programa “Consciência Cidadã”, com os pré-candidatos ao governo do estado do Amapá. Todas as entrevistas estão sendo transcritas e postadas aqui no blog “Facão e Terçado. Já foram entrevistados o ex- deputado Lucas Barreto (PTB), o deputado Jorge Amanajás (PSDB) e o deputado Camilo Capiberibe (PSB) que foi entrevistado no dia 28/05/2010, e que por razões justificáveis só está sendo postada agora. E pedimos desculpas pelo atraso.

A entrevista:

Mauricio Medeiros – Deputado Camilo Capiberibe, a coligação PSB/PT está confirmada? E é por essa razão que o PSB resolveu lançar a sua pré-candidatura ao governo do estado?

Camilo Capiberibe – O que acontece nesse momento, na esquerda, na oposição, na política, a novidade é que a cerca de um mês e meio, o PT (Partido dos Trabalhadores) vem fazendo uma inflexão a oposição, em direção a oposição. Houve uma eleição interna, dentro do PT, e essa eleição mudou a correlação de forças internamente. Antes quem mandava no PT era a deputada federal Dalva Figueiredo que tinha a maioria dos delegados na Executiva e no Diretório Estadual e, agora mudou, passaram a ser três os atores dentro do PT com força política para tomar decisões. O deputado estadual Joel Banha, o prefeito de Santana Antonio Nogueira, e a deputada federal Dalva Figueiredo. Cada um deles tem 1/3 do poder de decisão e para se tomar uma decisão tem que ter dois caminhando juntos e foi o que aconteceu. Nós tivemos em 2008, eu não me esqueço, aquele comício aqui no Jardim Felicidade l, ali do lado da rodovia do Curiaú com a BR, que o prefeito Antonio Nogueira subiu no nosso palanque, recém reeleito. Tomou a decisão política de dizer que essa mudança era o melhor caminho para Macapá, sinalizando o que viria acontecer agora. Tem muita gente dizendo que o PT ta sendo incoerente, mas eu digo que não. Esse movimento começou em 2008 quando Nogueira subiu no nosso palanque e várias lideranças do PT, inclusive, professor Marcos Roberto, que é o pré-candidato ao senado, indicado pelo PT. Então, uma parte importante do PT, tanto de Macapá como de Santana, divergiu, houve um racha naquele momento e desde lá que nós viemos conversando. A deputada federal Janete Capiberibe, através de alocações de suas emendas, criou uma boa relação político-administrativa com o prefeito Nogueira. E eu, na Assembléia Legislativa, já vinha conversando bastante com o deputado Joel Banha (PT) e nós encontramos um termo de entendimento político entre lideranças, mas não ainda entre partidos. O PT, a cerca de 20 dias atrás, aprovou uma resolução, da executiva, estabelecendo que rompesse com o governo de Pedro Paulo em função de várias questões, que são da relação do PT com o governo. Uma dessas questões foi a indicação da vice, na chapa de Pedro Paulo, pelo PT, que não foi aceita. Então eles reuniram primeiro na Executiva Estadual e depois, na segunda-feira, no Diretório Estadual e decidiram, em reunião, que a aliança deve se dar com o PSB. Isso ficou muito claro e não ficou mais dúvida. Então eles rompem com o governo de Pedro Paulo e sinalizam o caminho de fechamento conosco. E ai, com esse novo contexto, a executiva do nosso partido, ontem de manhã, se reuniu e resolveu lançar o meu nome como pré-candidato ao governo do estado, pois, com essa aliança, surgiram para nós ascondições reais de disputa para vitória. E agora vamos buscar ampliar essa aliança para se fortalece ainda mais

Carlos Carmezim – Deputado Camilo, terça-feira a deputada federal Dalva Figueiredo, em Laranjal do Jari, declarou apoio incondicional ao atual governador Pedro Paulo, mesmo depois da decisão do PT de coligar com PSB. O PSB já conversou com a deputada Dalva Figueiredo?

Camilo Capiberibe – Veja, as lideranças do PSB já conversaram sim com a deputada Dalva Figueiredo. Eu mesmo já conversei com ela, em Brasília, sobre esse novo momento que a esquerda e a oposição estão vivendo no estado do Amapá e ela se mostra aberta a essa composição, ela não é contrária a essa composição. Ela tem uma posição política, hoje, que ela participa do governo Pedro Paulo e isso tem toda uma série de implicações para ela. Então é natural que ela defenda uma posição que diz respeito à situação que ela vive. Uma situação de participação no governo que, por exemplo, o deputado estadual Joel Banha também participa e sem receio nenhum decidiu que o caminho político para o povo do Amapá, para a oposição e para as esquerdas é construir uma nova frente e romper. Mas nós estamos respeitando o tempo da deputada Dalva. Eu não tenho dúvida nenhuma, até porque ela já declarou em reuniões internas do PT e mesmo na imprensa, que a decisão que o PT tomar ela vai respeitar.

Carlos Carmezim – O que fez o senhor deixar uma eleição praticamente certa, que era a reeleição a deputado estadual, e encarar esse desafio, que não será fácil, de concorrer ao governo do estado do Amapá?

Camilo Capiberibe – Faz cerca de dois meses que eu fui questionado, numa reunião do partido, mais precisamente pelo companheiro Claudio Pinho, se eu aceitaria a indicação do partido para concorrer ao governo do estado e eu respondi que me sentia preparado para essa missão. Eu não tenho apego a cargos, sou deputado estadual e gosto muito do que faço, mas se o meu partido está me delegando essa missão maior, se o PT está dizendo assuma essa posição, eu acho que só me resta assumir essa responsabilidade.

Mauricio Medeiros - Deputado Camilo, o senhor se sente preparado para enfrentar a questão relacionada ao meio ambiente no estado do Amapá e na Amazônia?

Camilo Capiberibe – Perfeitamente, com a mais absoluta tranqüilidade, em virtude de que nós já enfrentamos. O PSB é um partido que já governou o município de Macapá, governou o estado por quase oito anos, que tem quadros capacitados para programar uma política que vai ser debatida durante o processo eleitoral com a sociedade. Nós vamos debater essa política, inclusive, sobre meio ambiente. O PSB foi pioneiro no Brasil de transformar uma política que tivesse os preceitos da sustentabilidade. Hoje todo mundo fala em sustentabilidade é uma palavra fácil na boca de todo mundo. Quando em 1995 o ex-governador João Alberto Capiberibe disse, “nós vamos fazer um governo baseado na sustentabilidade”, o que quer dizer isso? Quer dizer desenvolvimento no tripé, desenvolvimento econômico, preservação ambiental e qualidade de vida. Primeiro, pela condição de ser o estado mais preservado do Brasil e porque nós sempre encaramos a preservação ambiental, não como um entrave ao desenvolvimento econômico. Tem muita gente que fala que a floresta é um entrave para o desenvolvimento, mas nós temos a certeza que não, nós enxergamos a floresta com um potencial enorme de desenvolvimento. E eu vou citar um exemplo: Ano passado eu estava na minha casa assistindo a Globo News, eu fiz um discurso, inclusive, sobre isso, eu falo reiteradamente sobre isso, o programa chama-se Mundo S/A, é um programa que fala especificamente do mundo dos negócios, e ele é produzido nos EUA, e apareceu um repórter, da Globo News, dizendo que a empresa que mais cresce no setor de alimentos nos EUA vende Açaí. E ai, eu me reportei a 1995, quando o então governador João Alberto Capiberibe dizia: “O Açaí é o caminho para o nosso desenvolvimento, o Açaí gera mais emprego, gera mais trabalho, gera mais riquezas do que a Zona de Livre Comercio.” Isso gerou uma grande polêmica porque as pessoas não conseguiam compreender que o fato do Açaí ser uma riqueza, não era um menosprezo. Inclusive, gente que hoje é candidato ao governo, falava que o PSB queria desenvolver o Amapá com Patê de Camapú, com Pasta de Chicória, menosprezando o valor das nossas riquezas. Foi preciso vim uma empresa dos EUA e se instalar em Santana, que é a SAMBAZON, e explorar as nossas riquezas. Eu não acho isso ruim, tem gente que diz que é ruim, o fato da empresa ser de fora. Eu acho isso bom, porque mostra para nós amapaenses, para nós brasileiros, que a floresta nos oferece desenvolvimento. O Açaí é um exemplo, o potencial da Madeira é um exemplo, a Agricultura é um exemplo, o Extrativismo da Castanha do Brasil é outro, o Turismo. Eu não vejo dificuldade nenhuma em desenvolvimento econômico com respeito ao meio ambiente.

Carlos Carmezim – Deputado Camilo Capiberibe, o candidato que for eleito vai pegar um estado falido. Com uma divida astronômica, a CEA falida, a CAESA falida, a saúde um caos, segurança pública e educação também um caos, enfim. O senhor se sente preparado para resolver todos esses problemas?

Camilo Capiberibe – Me sinto plenamente preparado, não tenho medo de nenhuma dessas questões. Enfrentei todos esses temas, como deputado estadual, fiz uma audiência pública da CAESA, no ano passado, fizemos em parceria, eu e a deputada Janete Capiberibe, uma audiência pública da CEA, na Comissão da Amazônia. Debatemos com a ANEL, com a ELETRONORTE, com a ELETROBRAS, então me sinto assim muito tranqüilo e vou dizer para a população do estado do Amapá, que está nos ouvindo, com toda tranqüilidade que a CEA tem solução, a CAESA tem solução e todos esses problemas tem solução. O que faltou nesses últimos oito anos foi: seriedade, competência e vontade política. E isso nós já mostramos que temos.

Mauricio Medeiros – Recentemente uma matéria jornalística, que saiu no “Fantástico”, da rede Globo, mostrou como se encontra a saúde no estado do Amapá, ou seja, um caos. E seus opositores lá na Assembléia Legislativa admitem esse caos e culpam, também, o governo do PSB. Gostaria que o senhor comentasse sobre isso e qual o plano de governo que o senhor tem para tirar a saúde do estado de caos em que se encontra?

Camilo Capiberibe – O nosso plano de governo vai ser debatido com os partidos aliados. Mas pela minha experiência, lá na Assembléia Legislativa, me parece muito claro que a saúde do estado do Amapá tem jeito, até porque quando o PSB administrava a saúde do Amapá era muito melhor do que ela é hoje. Eu rechaço, eu repilo qualquer tentativa de colocar todo mundo na vala comum. Quem faz isso age com desonestidade política, age de má fé, porque nós não tínhamos os escândalos, na saúde, como teve durante todo esse governo que está ai. Eles gostam de citar o caso Ferrari, no governo do PSB, e eu vou citar o caso Ferrari. O Sr. Ferrari fez uma compra no valor de oitenta mil reais e esse valor teria sido superfaturado, onde os produtos comprados foram entregues. E por esse fato, o senhor Ferrari foi exonerado. É um caso muito diferente do que aconteceu e acontece hoje aí. Para se ter uma idéia, em 2006, no ano da reeleição do governador Waldez Góes, a Polícia Federal desbaratou apenas em 2007, para infelicidade do povo do Amapá, um escândalo, que se chamou operação “Antídoto”, que mostrou que no ano de 2006 se roubaram quarenta milhões da saúde, isso é fato. Prenderam três secretários de saúde, do governador Waldez Góes, nunca prenderam ninguém da saúde, no governo do PSB. Então eu repilo qualquer tentativa de jogar na vala comum e digo mais, o povo do Amapá sabe que a saúde no governo do PSB era muito melhor e isso me permite dizer, com toda a tranqüilidade, que a saúde do Amapá pode ser muito melhor, desde que os recursos que são destinados, a ela, sejam corretamente aplicados. O que não pode é ter lá, esquema em contratação de mão de obra, esquema em contrato de Nefrologia, esquema em contrato de compra de medicamentos, esquema a, b, c... .Quando tudo vira um esquema, aí é impossível o dinheiro chegar para resolver o problema da população. Agora quando o dinheiro é bem aplicado, tudo funciona melhor. E o PSB criou um mecanismo importante, que mudou a saúde do Amapá para muito melhor, que foi o “caixa saúde” que o governo Waldez Góes, por não reconhecer a importância daquela política pública, acabou com o “caixa saúde” e substituiu por um negócio que se chama “fundo rotativo” que não tem a eficiência que tinha o “caixa saúde”. Quando você chega ao poder você tem que melhorar e não piorar os instrumentos da gestão pública. Eu estive em Laranjal do Jari e um médico que era diretor, até três meses atrás, do Hospital de Laranjal do Jari me falou que hoje o “fundo rotativo” repassa sessenta mil reais, por mês, para o Hospital de Laranjal do Jari, quando o orçamento do estado é de dois bilhões e meio. No governo do PSB, quando o orçamento era um bilhão, o “caixa saúde” repassava duzentos e cinqüenta mil reais, por mês, então vejam a diferença. E eu já digo, as candidaturas postas elas nascem do mesmo lugar, da “harmonia”, e elas querem fazer todos acreditarem que todos são iguais a eles. Eles vêm da mesma costela, nós não, nós somos oposição, fomos oposição durante todos esses anos, não fizemos rompimentos de fantasia para enganar a população e continuar ali sentando na mesma mesa. Nós fizemos a oposição política, com as conseqüências que é você fazer oposição, durante toda a gestão do governador Waldez Góes. Então é por esse aspecto que eu digo, que o que eles falam, é uma questão estratégica. O PSB geriu a saúde, de maneira eficiente e para o bem do cidadão e nós podemos fazer isso de novo, podemos fazer mais e melhor.

Carlos Carmezim – Nós tivemos acesso a algumas pesquisas e o seu nome constava nelas bem posicionado, mesmo sem ainda ter sido lançado a sua pré-candidatura. Como o senhor vê o resultado dessas pesquisas?

Camilo Capiberibe – Eu acho que as pesquisas elas são um retrato do momento. A campanha ainda não começou, eu acho que isso deve servir apenas para mostrar que existe um potencial, mas a verdadeira pesquisa é aquela do dia da eleição, então é isso o que vai nos orientar. Não é um resultado de uma pesquisa agora ou de outra que venha mais na frente que vai nos orientar. Para nós a pesquisa é importante para nos dar uma noção, mas o fundamental, nesse momento, para frente de oposição, para frente popular que está se formando são a formalização dessa aliança e a possibilidade de ampliação dela. Nesse aspecto temos uma construção em andamento e nós queremos atrair mais partidos, como por exemplo, o PSOL. Nós queremos, absolutamente, o deputado Randolfe Rodrigues, o vereador Clécio Luis e as lideranças lá de dentro do PSOL no nosso palanque, nós queremos o PC do B, nós queremos o PR, nós queremos o PSC, nós queremos o PCB, nós queremos todos os que queiram construir um Amapá diferente. Ninguém vai olhar para uma pesquisa e dizer: - Há não, já fizemos o que precisa ser feito! – De jeito nenhum. Nós estamos apenas começando, o time ainda está sendo escalado. Tem quem esteve a mais de sete anos na oposição e tem quem esteve dentro da “harmonia”, querendo dizer agora que é oposição. Quando chega à véspera da eleição se apresenta. Quando acontece alguma coisa de errado se cala, não fala nada. E tem aqueles que estão o tempo todo na labuta, na tribuna, na trincheira, lutando, denunciando, se posicionando. E tem aqueles que ficam calados, em seu silêncio criminoso, e também são responsáveis pelo que está acontecendo hoje no estado do Amapá. Então, essa é uma eleição onde quem é oposição de verdade a população sabe e tem aqueles que não são, mas que vão tentar se fazer passar por oposição. Mas a população vai olhar e vai saber, muito bem, quem é quem dentro desse processo.

Mauricio Medeiros – O estado do Amapá tem sofrido muito com o aumento da violência. Como o senhor vê a segurança pública de hoje comparada com a segurança pública do governo do PSB e o que o senhor pensa para o futuro da segurança pública do estado do Amapá?

Camilo Capiberibe – Mauricio, a diferença é muito grande. Nós tínhamos uma política de segurança pública e nós não temos mais. Nós tínhamos uma política baseada na “polícia interativa”, que deveria ter se expandido para todos os bairros, uma política eficiente que não foi criada pelo PSB, ela foi criada no Espírito Santo e nós fomos lá aprender. Essa política, hoje, é usada pelo governador Sergio Cabral, do Rio de Janeiro, para pacificar os morros. Eles chamam lá de “polícia pacificadora”. Nós tínhamos essa polícia pacificadora aqui no Amapá, em 1996. Fomos lá aprendemos e implantamos aqui. Chegamos a levar, ela, para vários bairros, Perpeto Socorro e Cidade Nova, Pedrinhas e Araxá e Igarapé da Fortaleza. O governo de Waldez Góes acabou com a polícia interativa. Uma polícia que estava próxima do cidadão, que caminhava nas ruas e conhecia cada morador do bairro. Não é a polícia inimiga do cidadão, que reprime o cidadão. É a polícia que conhece o cidadão e os problemas dele e o cidadão ajudando a essa polícia, que é próxima, comunitária, a resolver os problemas. Essa “polícia pacificadora” que hoje o governador Sergio Cabral apresenta ao Brasil e faz o maior sucesso, nós tínhamos aqui em 1996, implantada. E a outra que é a política, que eu tive a satisfação de representar a Assembléia Legislativa na Conferência Nacional de Segurança Pública, que foi tema principal dos debates que é a política de integração e essa política de integração também já estava presente lá no passado com a criação do CIOSP. E o que é o CIOSP? É o Centro Integrado de Segurança Pública. E o que era para ter no CIOSP que não tem? Era para ter a Justiça, o Ministério Público, a Defensoria, a Polícia Técnica, a Delegacia, todos lá dentro, para você ter um “Superfácil” da segurança pública. Lá em Brasília eu percebi que o debate, sobre segurança pública, se dá dessa maneira. É integrar todos os serviços envolvidos com segurança pública, para agilizar. Porque o governo não implantou o CIOSP, no Amapá, como deveria ser? Porque não há investimento, não tem recursos para Polícia Civil, não tem recursos para Polícia Militar, nem as contas dos telefones estão sendo pagas. Como é que você telefona para polícia, para pedir ajuda, se o telefone de lá ta cortado? Como é que a viatura vem lhe atender se não tem combustível? Isso está acontecendo porque o governo Waldez Góes aplicou mal os recursos, não houve planejamento e foi uma administração muito ruim. Quando você não tem uma política, quando você não tem investimentos, na segurança pública, as conseqüências são graves. Agora, a segurança pode melhorar muito, é um problema sério, é um problema grave, mas com as políticas corretas você pode diminuir o problema. Outro aspecto que eu acho importante para melhorar a segurança pública é investir na juventude, porque é o segmento que está mais exposto, se não tiver uma política pública, se não tiver um acompanhamento, se não tiver um crédito de confiança. É a juventude que está ali vulnerável a ser cooptada pelo crime. Portanto, criar políticas públicas para a juventude, com o objetivo de gerar oportunidades positivas para os jovens é, sem dúvida nenhuma, um grande avanço na questão de segurança pública.

Mauricio Medeiros – Com relação à questão habitacional. Como o senhor vê essa questão no governo atual comparando com o governo passado, do PSB, e o que o senhor planeja fazer para melhorar esse setor, caso seja eleito?

Camilo Capiberibe – Todos sabem, nós estamos aqui no bairro do Novo Horizonte, que foi um bairro criado pelo governo do PSB, na prefeitura. Novo Horizonte e Zerão, que são dois grandes bairros, que não existiam, foram criados no governo do PSB. Foi feito o arruamento, foi feito o loteamento e a distribuição gratuita dos lotes para a população. Eu vou tirar o Novo Horizonte e o Zerão, dois bairros enormes da cidade de Macapá, e vou dizer que só no governo do estado foram distribuídos quatorze mil lotes. Imaginem que hoje agente diz que existe um déficit de trinta e uma mil habitações. E se o governo do PSB não tivesse tido essa política habitacional, de distribuição de lotes? A coisa estaria bem pior. Imaginem se nós tivéssemos feito como o governo atual, do Waldez Góes e do Pedro Paulo, que não tiveram política habitacional nenhuma. Prometeram construir dez mil casas e não construíram mil, no período de oito anos. Se comparar com o governo que distribuiu quatorze mil lotes urbanizados. O bairro do Renascer está ai, o bairro do Infraero, Marabaixo, Amazonas, estão ai para todo mundo ver, ninguém pode contestar. A política habitacional do nosso partido todo mundo vê, todo mundo vive ela e o beneficio que ela trouxe. Naquela época o governo federal não fazia os investimentos que faz hoje como, por exemplo, o programa “Minha casa minha vida”, nós temos investimentos de toda ordem em habitação e o governo do estado não consegue evoluir nessa questão. Então, qual será nossa estratégia? Será construirmos habitações, mas também vamos fazer distribuição de lotes urbanizados, vamos atacar por todas as frentes. Eles abandonaram a nossa política, de distribuição de lotes urbanizados, dizendo que não era uma boa política, que não prestava para o desenvolvimento e atacavam a nossa política e abandonaram uma política que tava dando certo. E agora no final do seu governo, Waldez Góes, faz uma meia culpa e diz que vai fazer o loteamento Das Palmeiras aqui do lado do Brasil Novo e ele tem que fazer. Ele deveria vir a público e pedir desculpas ao povo do Amapá por ter abandonado e criticado uma política que era boa e dizer a todos que a política do PSB estava correta.

Carlos Carmezim – O que o senhor tem em mente para desenvolver o setor primário do estado do Amapá?

Camilo Capiberibe – Durante muitos anos não se acreditava num modelo de agricultura voltado para o desenvolvimento potencial da Amazônia. Acreditava-se, por exemplo, no desmatamento para a plantação de grãos. Essa dicotomia atrapalhava, houve uma época em que a própria EMBRAPA encampava esse projeto, de trazer a fronteira agrícola com a produção de grãos aqui para o Amapá. É preciso compreender que nós estamos na Amazônia, é preciso compreender que nós temos uma agricultura que deve ser diferenciada. A questão do setor primário somos nós conseguirmos gerar riqueza produzindo o que nós temos de potencial para produzir. A economia ela se dá dessa maneira, por exemplo, se você for olhar o Japão. O Japão produz menos no setor primário do que ele produz no setor da indústria e da tecnologia. Ele perde alguma coisa por isso? Não necessariamente, porque é uma das Nações mais rica do mundo. Por quê? Porque ele investe no beneficiamento, na produção e na exportação de produtos. Então, o que isso significa para nós? Significa que nós temos que encontrar a vocação para a agricultura do Amapá, e ela já está dada, por exemplo, manejo de açaizais tem levado uma riqueza enorme para o Arquipélago do Bailique. A fruticultura é a cara do Amapá, a produção consorciada onde você tem plantado no mesmo espaço, a mandioca, o cupuaçu, o açaí, você tem num espaço só a produção de vários produtos. A questão é nós temos potencial para plantar arroz? Temos. Vamos aproveitar? Vamos. Temos o potencial para plantar milho, feijão? Então, vamos aproveitar esse potencial. Na região do Caciporé nós produzimos um cacau nativo, o potencial econômico disso é enorme. Nós aproveitamos? Não. Aqui a agricultura de grãos tem o potencial real de ser competitiva com o cerrado do Centro-Oeste e da região Sul do Brasil? Se nós não tivermos, e nós vamos discutir tudo isso no nosso plano de governo, então nós vamos investir naquilo que nós temos potencial; na fruta da Amazônia, no açaí, no café. Nós tivemos um projeto de café que não foi para frente por falta de apoio do RURAP. A EMBRAPA avançou muito e pode ser uma grande parceira na produção de tecnologias e claro investir no RURAP, estruturar o RURAP para dar assistência técnica ao produtor rural. Nós vamos ter, sem dúvida nenhuma, uma política que vai melhorar sensivelmente o setor primário.

Mauricio Medeiros – O que é que o senhor pensa e planeja para a questão da transparência nos gastos do dinheiro público aqui no estado do Amapá?

Camilo Capiberibe – Eu apresentei um projeto de resolução na Assembléia Legislativa para fazer da Assembléia um poder transparente, ele não foi votado. O deputado Ruy Smith apresentou um projeto de lei na Assembléia para fazer os poderes do estado do Amapá e as instituições públicas estaduais serem instituições transparentes. Ele apresentou no primeiro mandato dele quando um dos pré- candidatos, hoje, ao governo, era presidente da Assembléia, e também não foi votado. Então, dos quatros pré-candidatos um é o que está no governo que não recolocou a pagina da transparência no ar, que foi retirada pelo governador Waldez Góes, e os outros dois poderiam ter colocado para serem votados os projetos de transparência na Assembléia e não colocaram quando tiveram a oportunidade. Agora é fácil vim falar de transparência. Quando o projeto Transparência foi aprovado no Congresso por uma luta do PSB, por uma luta histórica do nosso líder João Alberto Capiberibe que trouxe essa lei para mudar o Brasil inteiro. Imagine que essa lei tão importante para o país foi um amapaense que propôs. Isso é motivo de orgulho para nós. A luta pela transparência faz parte da nossa história e com certeza lutaremos por isso até o fim.

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