Pages

05 abril 2010

Randolfe Rodrigues: Sobre a III Conferência Eleitoral do PSOL







O presidente estadual e membro da executiva nacional do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), ex-deputado estadual, Randolfe Rodrigues, esteve no programa, “Consciência Cidadã”, na Rádio Comunitária Novo Tempo, 105,9 FM e nos falou dos acontecimentos e decisões da III Conferência Eleitoral do PSOL que realizou-se neste sábado (27), na Câmara Municipal de Macapá.

PCC (Programa Consciência Cidadã) - Sobre o evento?

Randolfe - Primeiro, foi ratificada a nossa candidatura ao senado, apontada anteriormente. É lógico que se você me perguntar se isso significa aquela história de “prego batido e ponta virada” eu vou lhe responder que a Conferência não terminou no sábado, ela é suspensa e será retomada em forma de convenção no final de junho, mas a Conferência já ratifica uma decisão que foi tomada em outubro do ano passado, pelo diretório estadual do partido, no sentido da minha candidatura ao senado e, além disso, tomamos a deliberação de enveredarmos todos os esforços possíveis no sentido de reeditar a chamada “Frente Pela Mudança” que disputou as eleições em Macapá em 2008 com a aliança política entre o PSB, PMN e PSOL. Nesse sentido, também, ampliar o leque dos partidos com os quais o PSOL dialoga, com o objetivo de construirmos uma frente comum, de oposição, para as eleições de 2010. Também, nesse sentido, reaproximarmos do PCB (Partido Comunista Brasileiro) liderado pelo vereador Nelson Souza e pelo deputado Jorge Souza aqui no Amapá, que estiveram presente no nosso encontro, estamos conversando também com o PSC (Partido Social Cristão) comandado pelo deputado Moisés Souza e dialogar com outros partidos que estão também se localizando como oposição, como é o caso do PHS (Partido Humanista da Solidariedade), PSDC (Partido Social Democrático Cristão) dirigido pelo empresário Jaime Nunes, que terá a sede do seu diretório regional inaugurado nesta sexta-feira, como é o caso também do PTC (Partido Trabalhista Cristão), que são partidos que se localizam, no cenário político do Amapá, em um campo que nos permite o dialogo para a construção de uma frente ampla que proponha mudanças.

PCC - Sobre o artigo escrito pelo jornalista Chico Bruno, com o título “Coordenar o dissenso”, onde ele acha que o mais lógico é você pleitear uma vaga na Assembléia Legislativa e não no Senado?

Randolfe - Eu não cheguei a ler esse artigo, mas ouvi alguns comentários a respeito do que escreveu meu querido amigo, Chico Bruno que fez parte do Conselho Político, digamos assim, da campanha de 2008 à prefeitura de Macapá, tenho as melhores referências da pessoa do Chico Bruno e como eu disse não li o artigo só ouvi os comentários, então não me sinto a vontade para opinar, por não ter lido o contexto, eu só tive conhecimento do título, por exemplo, “Coordenar o dissenso” e eu quero concordar com o Chico eu acho que não há motivos para as oposições no Amapá, para as forças políticas da mudança se dividirem nessas eleições. Bom, primeiro eu considero que é legitimo o direito do PSOL e é legitimo também o direito dos pretendentes do PSOL a disputar qualquer um dos postos nas eleições desse ano, é um direito que não assiste a nenhum outro partido político, é um direito que assiste a nós do PSOL de escolhermos e decidirmos. Nós acreditamos que temos quadros políticos com condições de estar em chapa majoritária para as eleições de 2010. O povo do Amapá não vai escolher um senador apenas, vai escolher dois senadores. Qual é o problema, que existe, em ter em uma mesma chapa política de oposição, que tem a candidatura de João Alberto Capiberibe ao senado e a nossa candidatura ao senado? Gostaria que fosse provado onde isso divide as forças de oposição. Ora, se pesquisas indicam que uma candidatura pode vir a ter 30 a 33%, obviamente, se o povo mobilizado para votar na segunda vaga, dessa mesma chapa, com certeza, essa segunda vaga, terá a mesma quantidade de votos. Portanto, eu não considero, que o simples argumento que um atrapalha o outro, seja argumento bastante para nos dividir. Caso sendo, existindo duas vagas e não possibilitar aos aliados estarem juntos para disputar essas duas vagas, tendo duas vagas, não parece muito sensato e ai me parece mais com arrogância que, em minha opinião, é uma das características da esquerda brasileira. Não acredito que seja isso que o Chico tenha dito, não acredito que os meus companheiros do PSB tenham essa opinião. E existe outra possibilidade também, se o PSOL não estiver na chapa majoritária ao senado, o PSOL poderá estar na chapa, por exemplo, ao governo. Qual é a dificuldade em dialogar e aceitar o dialogo em relação a isso? Então, eu concordo com o Chico, nós temos que coordenar o dissenso. Só que o PSOL tomou uma decisão, que eu concordo com ela, o PSOL está requerendo o direito legitimo, que ele tem, de ter espaço político na chapa de oposição.

PCC – O senhor nos disse uma vez, em entrevista, que a decisão do PSOL, em 2006, de não coligar com o PSB e ter lançado candidatura própria ao governo do estado foi errada. O senhor não pode estar correndo o mesmo risco?

Randolfe – Em 2006 teve uma circunstância política que nós nos submetemos a ela: Existia a lei da verticalização e existia uma determinação nacional de reproduzir nos estados a frente de esquerda que apoiava a senadora Heloisa Helena, eu entendo que foi uma posição inclusive errada, o melhor naquela eleição seríamos nós termos construído uma aliança comum, das oposições. Nós temos uma decisão política no PSOL do Amapá, o PSOL do Amapá não irá para o gueto, não ficaremos isolados, por isso nós estamos conversando com todas as forças políticas e inclusive sendo condenado pela esquerda por estarmos tomando essa posição, inclusive, de estarmos conversando com forças políticas que estão fora do bloco de partidos considerados de esquerda, para construirmos uma chapa comum. Segundo, o PSOL deu uma contribuição, que me permitam dizer os companheiros do PSB, em 2008 eu poderia ter saído candidato a prefeitura de Macapá, nós tínhamos alternativas políticas para fazer isso, nós podíamos nos abraçar com o PPS, por exemplo, e ter uma candidatura que dividiria as oposições. Eu renunciei a candidatura a prefeitura de Macapá em função da candidatura do meu companheiro e amigo, Camilo Capiberibe, para que ele fosse candidato a prefeito e para que nós mantivéssemos unidas as oposições nas eleições daquele ano. Por que esse gesto que eu tive em 2008 não pode ser retribuído, em 2010, pelos nossos aliados? A esquerda no Brasil precisa trocar o substantivo da auto proclamação pelo substantivo da generosidade, não estou falando de ninguém, especificamente, e nem estou mandando recado pra ninguém, estou fazendo um diagnóstico da esquerda no Brasil. Nós só estamos querendo a reciprocidade da generosidade que o PSOL teve com a “Frente Pela Mudança” em 2008. Nós não estamos querendo sair sozinho, muito pelo contrário, nós queremos sair unidos. Agora nós compreendemos que o PSOL tem quadros, com qualidade política, para encabeçar uma chapa majoritária ao senado ou ao governo.

PCC – Numa analise bem real, como primeira opção ao senado, o senhor estará, mesmo na mesma chapa, disputando diretamente, os votos de um seguimento que deseja mudança, com o ex- senador João Capiberibe. Isso não aumentaria as chances dos que estão no poder, retornarem ao senado?

Randolfe – Este é um argumento que eu topo dialogar. Eu quero lhe dizer uma coisa, mesmo que o PSB não queira, nós não teremos outra opção para o senado. Eu acho uma questão de justiça histórica o retorno do mandato de Capiberibe ao senado. Mesmo que o PSB diga, Randolfe se você for candidato ao senado nós não queremos você coligados com agente, mesmo assim, nós vamos querermos estar próximos, nós não queremos divisão. Se não houver alternativa e eu saia candidato ao senado eu não vou fazer campanha contra nenhum dos outros candidatos ao senado, muito menos ao meu caro amigo, que eu tenho profunda admiração e que é uma referência da esquerda amapaense, o senador João Alberto Capiberibe. A nossa candidatura, ao senado, consolidada, nós não pretendemos fazer uma campanha de contra ponto a quem quer que seja ou a qualquer um dos outros candidatos. Eu sou da seguinte opinião, no caso especifico da candidatura do PSB ao senado, eu creio que nós preenchemos um espaço que tem para centenas de milhares de amapaenses de preencher a sua chapa ao senado, o que seria para a candidatura do PSB, inclusive uma dificuldade, porque acabaria tendo uma primeira opção e não teria preenchida a segunda opção e, neste caso, seria preenchida por adversários, então, antes de ser preenchida essa segunda opção por adversários, que tal preencher a segunda opção com aliados. Eu acho que nós da oposição temos que apresentar uma segunda opção ao senado, ao povo amapaense, uma segunda opção verdadeira. Não vejo perdas, com nossa candidatura ao senado, muito pelo contrário.

PCC – O senhor citou diversos partidos que o PSOL estaria conversando, mas a imprensa fala muito da sua relação com o PTB, e eu não ouvi o senhor citá-lo em nenhum momento. Como está essa relação sua com o Lucas Barreto?

Randolfe – Nós temos uma dificuldade nacional com relação ao PTB, é verdade. Eu tenho uma relação pessoal, muito boa, com o ex-deputado estadual Lucas Barreto que foi presidente da Assembléia Legislativa, num momento de crise, e que ele foi muito importante na restauração da imagem da Assembléia Legislativa diante da opinião pública e ai, diante disso, construímos uma relação pessoal. Eu tenho uma posição, inclusive, que tem divergências no campo de esquerda, no campo do meu próprio partido, eu considero a candidatura de Lucas como uma candidatura de oposição. É uma candidatura de esquerda? Não, não é, mas é uma candidatura que tem se colocado no cenário político, e eu vou sempre dizer isso, independente de qualquer posição que eu assuma, como um nome independente, um nome não ligado as forças que governam o Amapá. Então, em torno disso, tem uma estratégia que nós chegamos a proclamar, a anunciar ha algum tempo, que era uma estratégia, inclusive, dos companheiros do PSB de construirmos uma chapa comum de oposição e não uma chapa de esquerda das eleições, pra mudança. Quem primeiro falou sobre isso foram os companheiros do PSB e eu posteriormente só fazia reiterar o que era dito, nesse sentido de termos uma chapa comum de oposição, eu acredito que é possível, o dialogo em torno do nome do Lucas Barreto desde que haja o cumprimento de pressupostos; candidatura independente, construção de um ciclo novo de desenvolvimento para o Amapá, construção comum de um programa de governo, então, são esses os pressupostos. Eu acho que nós da esquerda estamos perdendo um tempo enorme às vezes nos debatendo com questões menores enquanto nós deveríamos como disse Chico Bruno, coordenar o dissenso.

Nenhum comentário: