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23 maio 2010

Entrevista com Lucas Barreto.

  Lucas Barreto, pré-candidato ao governo do estado, nas eleições de 2010, fala em entrevista ao programa “Consciência Cidadã”, na Rádio Comunitária Novo Tempo FM 105,9, sobre eleições, coligações, planos e metas, além de fazer uma pequena analise da conjuntura política, econômica e social da realidade atual do estado do Amapá:

Mauricio Medeiros - Deputado Lucas Barreto, em entrevista, que o senhor deu a alguns meios de comunicação, o senhor se referiu a Zona Norte de Macapá como uma região pouco prestigiada pelo poder público. Como o senhor analisa esse fato?

Lucas Barreto - Nós estamos andando e visitando todos os lugares, conversando, discutindo com a população e ouvindo atentamente. E o que é público e notório, e todo mundo sabe, é que vocês aqui da Zona Norte sofreram e sofrem, hoje, muito mais, porque não houve uma preocupação, dos governos, em criar o espaço urbano em Macapá, não houve planejamento e o sofrimento começa pela dificuldade de acesso que a população tem de transpor aquela ponte (Sergio Arruda), que eu chamo de lombada. A cidade cresceu para a Zona Norte e não teve esse planejamento que deveria ter sido feito pelos governos que passaram. A situação de distribuição de água tratada é muito crítica, na Zona Norte, a ponto de a população passar três meses sem uma gota d’água nas torneiras e o que é pior é que, no final do mês, a conta vem para o cidadão pagar aquilo que ele não consumiu. Então eu vejo isso como um problema gravíssimo e temos que dar prioridade para que tenhamos isso, como uma política pública, a ser definida, no nosso plano de metas para ser apresentada a população. A saúde nós não precisamos nem comentar porque a população sente na pele. Esse caso, da reportagem do “Fantástico”, das mortes dos bebês, na Maternidade Mãe Luzia, é impossível que nós não sintamos essa comoção e essa indignação onde várias crianças morram e agente não fique preocupado, não comente e critique isso. Só porque elas são de famílias pobres? Isso tem que mudar, isso com certeza vai mudar.

Carlos Carmezim - Os pré-candidatos estão aí postos. E a maioria deles parece-nos mais preocupados com as articulações políticas, com as coligações, com o melhor e maior bloco partidário e não temos escutado esses pré-candidatos, sobre seus planos de governo, o que eles pensam sobre a realidade em que se encontra o nosso estado e etc. O que o senhor pensa a esse respeito?

Lucas Barreto - Eu penso que plano de governo todos nós, pré-candidatos, vamos ter. Mas nós entendemos que 80% de um plano de governo é obrigação do estado, tem que ter. Educação, saúde, segurança, habitação, são obrigações do estado e tem os deveres compartilhados com a sociedade, com a família. Nós entendemos que essas articulações, dos candidatos, para fazerem os seus planos de governo, são corretas. E nós estamos fazendo isso. Mas os 20% da realização, desses planos de governo, é gestão, puramente gestão. É dar valor ao dinheiro público. Hoje um real do dinheiro público vale 0,30 centavos e às vezes numa empresa privada um real vale 1,30 porque, na empresa privada, há noções, responsáveis, de valores, o que perderam com relação ao dinheiro público. Hoje, no público, ninguém sabe diferenciar um real de um milhão. Então, isso é muito grave, é preocupante e nós estaremos apresentando, nosso plano, na hora certa. Por enquanto nós estamos andando, conversando com as pessoas, individualmente, coletivamente, ouvindo as angustias e as esperanças das pessoas e a partir daí é que vamos formular um plano de metas de políticas públicas, que se consolidem. Aqui tudo se inicia, mas não se termina. Mostre-me, nos últimos 20 anos, um emprego que foi gerado e que ficou consolidado, de uma política pública, que ficou garantido. Você poderia me dizer: – Há os concursos públicos! – E eu lhe respondo que isso é obrigação do estado e aconteceram para substituir os contratos administrativos e ainda tem-se uma economia, quando se faz concursos públicos. Sou a favor do concurso público, mas sou a favor de políticas públicas que gerem trabalho e renda. Fazer com que o estado possa receber e atrair investimentos de empreendedores, para que nós possamos aumentar a oferta de trabalho. Esse é o nosso maior objetivo.

Mauricio Medeiros - Recentemente nós entrevistamos o ex-deputado estadual Randolfe Rodrigues, do PSOL, e o questionamos da possibilidade de uma coligação entre o PSOL e o PTB, para essas eleições. Existe essa possibilidade?

Lucas Barreto - Com certeza. O deputado Randolfe sabe que ele tem o nosso respeito, pela sua história de vida. Eu e o presidente do meu partido, deputado Eduardo Seabra, temos o maior carinho. Acreditamos que o Randolfe tem potencial, que é uma liderança que precisa ser respeitada, que precisa ser testada nas urnas, para majoritária. O PTB não tem problema nenhum em coligar com o PSOL, estamos de braços abertos. O PSOL tem uma linha programática ideológica e eu até brinco, com Randolfe, dizendo: - Olha Randolfe, o PTB daqui é o PTB de Getulio Vargas, vamos caminhar juntos. - Mas independente de coligação, se o Randolfe for candidato, ele terá o nosso apoio. Não só meu, mas do partido, independente de coligação. Que fique bem claro isso.

Carlos Carmezim - Deputado Lucas, nessa mesma linha, eu lhe pergunto: O PTB está aberto a conversar com qualquer partido, com relação às eleições de 2010, aqui no Amapá?

Lucas Barreto - Hoje, penso eu, já afunilou bastante e nós já temos um grupo de partidos que avançou. Já temos pré-candidato à vice, definido, que é o Jaime Nunes, todo mundo sabe disso, do PSDC, temos o PTC do deputado Feijão e temos outros partidos que, às vezes até, agente nem fala que é para não nos tirarem essas possibilidades de conversarmos. Nós não temos sectarismo, o que não aceitamos são imposições pessoais, tipo: - Há você tem que brigar com esse, porque ele é meu inimigo. – Nós não temos inimigos. Nós temos respeito por todas as lideranças, nós temos respeito por todos os partidos, todos são instituições e todas as lideranças trabalharam muito para se consolidarem como tal. Portanto, qualquer liderança ou partido que queira conversar, nós estamos abertos. O que não vamos aceitar é o patrulhamento ideológico, nunca, jamais, e isso é uma determinação do nosso presidente Seabra, e nós iremos cumprir com ela. Com certeza.
Carlos Carmezim - O senhor foi candidato em 2008, a prefeito da capital, e de lá até hoje já se foram dois anos e durante esse período o senhor ficou, praticamente, fora da mídia. A que se deve, então, o senhor estar aparecendo em 1º lugar nas pesquisas que foram feitas?

Lucas Barreto - Em primeiro lugar, nós fazemos as pesquisas com o intuito de saber o que a população pensa, o que ela está querendo. Essas pesquisas mostram, também, que há uma intenção de votos, mas há um sentimento maior de mudança. As pesquisas que dizem que nós estamos na frente ou que outros estão na nossa frente, não nos preocupam porque para nós a melhor pesquisa é aquela que o cidadão faz no seu bairro, na sua comunidade, na sua família e é essa que nos mostram na frente, a pesquisa do povo. Na eleição passada saiu uma pesquisa que dizia que nós tínhamos 9% de intenção de votos, saiu 20 dias antes das eleições, tivemos 25,3% dos votos válidos. E estávamos sozinhos, partidariamente. Então, estar fora da mídia, não significa que a população esqueceu tudo o que nós falamos. Significa que nossa posição, na eleição passada, foi marcante e determinante para que nós estejamos ocupando essa 1ª colocação.

Mauricio Medeiros - O senhor já foi presidente da Assembléia Legislativa e já foi deputado por várias legislaturas, portanto, conhece bem a Assembléia Legislativa. Como o senhor avalia a administração do Jorge Amanajás, na Assembléia?

Lucas Barreto - Olha a Assembléia Legislativa é a casa do povo. Então eu entendo que quem tem que avaliar a atuação dos parlamentares, é o povo. Eu estou fora da AL, há quase quatro anos, e não tenho me preocupado com a situação que a AL se encontra ou não. Tenho amigos lá, que respeito, que gosto e penso que essa avaliação vai ser feita, agora, pela população, até mesmo porque são eleições gerais e cada deputado terá que mostrar o seu trabalho para que consiga a sua reeleição. Comentar a AL enquanto você vive a AL, 24 horas, como eu vivi, é uma situação. Mas eu tenho vivido mais são essas viagens, essas andanças pelo interior do estado, em cada localidade, discutindo problemas e aí, é uma opinião que não me sinto preparado para lhe dar hoje. O que nós, que estamos de fora, conseguimos enxergar é o que a população pensa, mais aí todo mundo sabe o que estou falando.

Carlos Carmezim - O estado do Amapá, hoje, vive uma situação caótica. O seu parque energético saturado, orçamento público comprometido por empréstimos, saúde sucateada, educação também, a CEA sendo federalizada, a CAESA quebrada. E aí eu lhe pergunto: Como fazer para reverter um quadro desses?

Lucas Barreto - A FIRJAN, na sua última pesquisa, concluiu que nós temos, hoje, no Amapá 38,9% da população abaixo da linha da pobreza, isso é muito grave. Nós temos aí a CEA com uma dívida muito grande, quase um bilhão e meio, ela já sofreu processo de caducidade, já não temos a concessão. A CAESA, segundo o sindicato dos seus funcionários, tem uma dívida de quase quatrocentos milhões de reais. Temos as dívidas consolidadas do estado que aí você ver o efeito cascata que estar acontecendo. As empresas não recebem e aí os funcionários, também, não recebem, os funcionários não compram no comercio, não pagam suas dívidas e isso vira uma bola de neve que vai piorando, e muito, a situação econômica do estado. Tem uma frase do padre Vieira, que dizia que “A omissão é um pecado que se faz, não fazendo”. Fui convidar uma pessoa, que é um empreendedor de sucesso, que é o Jaime Nunes, para que nós possamos formar essa dupla, quando a lei permitir, para sermos pré-candidatos ao governo do estado. Um com visão política e outro com visão de empreendedor para que nós possamos tentar resolver, se tivermos a oportunidade do povo do Amapá, essa situação. Com uma gestão firme, com um choque de gestão, com equilíbrio e muito amadurecimento político. Eu já fui testado numa administração pública, deu certo. Nós não estamos inventando uma candidatura, me preparei à vida toda para essa candidatura, o Jaime também se preparou a vida toda. Nós estamos andando muito, estudando muito, avaliando a situação do estado para que, se houver a concretização, nós estejamos preparados com os melhores técnicos que nós ti vermos para essa missão. Isso é o ponto principal, a preparação para enfrentarmos a situação caótica que o estado vive.

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