Pages

24 novembro 2009

Professor Dênis de Moraes, sobre a 1ª Confecom‏

A Conferência Nacional de Comunicação, a realizar-se em Brasília dentro de algumas semanas, é uma oportunidade extraordinária para a discussão e o encaminhamento de proposições que contribuam para a estruturação de um sistema de comunicação mais justo e democrático no Brasil. Por isso, devemos nos esforçar para realçar junto à sociedade sua importância neste momento histórico, inclusive enfatizando o direito que o exercício da cidadania nos confere de interferir nos rumos da comunicação no país.Contudo, não podemos cultivar falsas ilusões quanto a seus resultados, nem acreditar que males crônicos serão equacionados, por encanto, em função da repercussão dos trabalhos. Não esqueçamos que o mesmo governo Lula que convocou a Conferência praticamente nada fez em sete longos anos de mandato para alterar o quadro geral da comunicação no país. Aí está a anacrônica legislação de radiodifusão que não me deixa mentir. Também não podemos desconhecer a força dos lobbies e interesses empresariais do setor, que se refletem no deliberado silenciamento sobre a Conferência na chamada grande mídia.É essencial aumentar o grau de organização e de articulação de entidades e segmentos da sociedade civil que lutam pela democratização da comunicação, bem como buscar meios mais efetivos e conseqüentes de esclarecimento e convencimento da opinião pública sobre a relevância da comunicação para o desenvolvimento humano em bases igualitárias. Esses esforços me parecem decisivos, sobretudo para intensificar a pressão organizada de áreas reivindicantes da sociedade civil sobre o governo Lula e o Congresso, e assim, no curso de persistentes campanhas e longas batalhas, construir, gradualmente, uma outra comunicação no país.A Conferência, sem dúvida, poderá ter desdobramentos válidos. Mas não percamos de vista que enfrentamos e enfrentaremos inimigos poderosos, ramificados nas instituições hegemônicas. Daí a necessidade de avançarmos também no plano das mobilizações e campanhas permanentes, tanto para exigir providências imediatas aos poderes públicos quanto para esclarecer a sociedade sobre a urgência de políticas públicas que protejam e promovam o interesse coletivo contra ambições monopólicas privadas.Por fim: é engraçado ver o PT apresentar reivindicações sobre a democratização da comunicação. Este partido lidera a coalizão governamental desde 1º de janeiro de 2003. Por que o governo de seu filiado Lula nada fez até agora para modificar o monopólio da mídia? É muito simples: basta o PT solicitar a Lula que, como presidente da República, tome coragem e cumpra imediatamente seus pleitos. Como ressaltava o mestre Milton Santos, governo é para executar ações, e não para apresentar carta de intenções às vésperas de eleição.

Nenhum comentário: