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28 janeiro 2010

MEDO, METAMORFOSE E MANIPULAÇÃO

Por: José Reinaldo(Ex-governador do Maranhão)

Publicado no Jornal Pequeno

Tenho grandes amigos de muitos anos, amigos desde a juventude, das peladas na praia do Olho d'Água e da disputa esportiva que nos unia fortemente. A despeito disso, alguns deles são amigos e tem laços fortes com a família Sarney e isso não afeta a nossa amizade, que é maior do que a política. E nos respeitamos assim, mesmo dentro da discordância política.

Pois bem, eles acreditam que a força do poder conquistado em tribunais, aliada à força do dinheiro público reforçada com empréstimos, possa dar a Roseana Sarney uma vitória nas eleições deste ano. No entanto, todos concordam que existe no grupo um grande temor por uma candidatura do deputado Flávio Dino ao governo do estado. E os mais íntimos sabem que esse é o medo que obriga Roseana Sarney e o seu pai José Sarney a se dedicarem com afinco para tentar evitar isso.

É mais ou menos assim: Sarney tem se empenhado junto ao presidente Lula, para que ele converse com os partidos aliados e os convença a tentar impedir a candidatura que vêem como perigosa para a eleição de Roseana Sarney. E ele mesmo fala a quem tem acesso, determinado que está na missão.

Roseana, por seu turno, usa o poder do cargo para ameaçar prefeitos com cassações, com inelegibilidades, e agora com uma espécie de polícia política que começa investigações baseadas no que eles próprios publicam. Esses inquéritos começam de várias formas, mas só terminam de um jeito: o indiciamento e futuro pedido de prisão do alvo escolhido. O poder central da oligarquia vai graduando as ações, que só são interrompidas se o alvo fraquejar ou ceder.

Se analisarmos a História, esse processo só subsiste em ditaduras ferozes e determinadas a conseguir seus objetivos de qualquer maneira. Todos os regimes de força se escoraram em polícias políticas. Foi assim com Stalin, Hitler, Mussolini, Papa Doc, Somoza etc. Não é democrático ou aceitável, mas a fragilizada oligarquia derrotada nas últimas eleições usa esses métodos. Eles dominam as instituições no estado e tem a cobertura do governo federal para os seus atos. Por enquanto parecem inatingíveis.

Quando a força não dá certo, apelam para as benesses prometidas com fartura. Alguns acabam cedendo e existem aqueles que são cooptados por palavras bonitas, promessas de apoio político e morrem inexoravelmente sem identidade e sem discurso. Acabam-se politicamente.

A oligarquia domina a máquina da propaganda e inventa feitos governamentais quase sempre imaginários. A propaganda é escandalosamente eleitoreira repetida sem cessar.

Eu e outras figuras destacadas da oposição, que recebíamos convites sem parar para entrevistas nas rádios, fomos agora proibidos de receber esses convites. Não satisfeitos com o poder quase total da sua própria mídia, eles temem as nossas entrevistas em rádios fora do sistema. Usam a oferta de veiculação da propaganda do governo, mas em troca vetam nossas entrevistas. Só aceitam que o povo ouça a propaganda oficial.

Assim, vem a pergunta inevitável: por que tanto medo de nós, que sequer temos acesso às televisões, todas deles? Por que então o pavor da candidatura do deputado Flávio Dino, que é desconhecido por quase metade da população maranhense?

Eles pensam que podem controlar Jackson Lago com a pretendida prisão de ex-Secretários de seu governo, possivelmente em abril ou maio, que seriam feitas com estardalhaço. Pretendem com isso obter um efeito político sobre Jackson Lago, que o impedisse de crescer muito nas pesquisas. Imaginam que estão preparados para Jackson.

E com Flávio Dino, como controlá-lo eleitoralmente? Não sabem. O que dizer, como caluniá-lo? Não sabem. Apenas sabem que 62% dos eleitores querem um nome novo para o governo do estado, que estão cansados, saturados de Sarneys e de oligarquias, sempre os mesmos e a ameaça de perpetuação da pobreza, do descaso e da falta de oportunidades no estado.

Um comentário:

Paulo Oliveira disse...

Aqui no Amapá o dominio dele é total,no poder judiciário, no poder legislativo e no executivo. Aquí é do jeito que ele quer e quem for contra dança. Que o diga o Capi.